terça-feira, 8 de novembro de 2016

“Temos que aprender a gostar também dos sentimentos ruins”

Entrevista com a escritora Marinilce Schmitz, autora da obra “Celebre a Vida”, próximo lançamento da Editora Os Dez Melhores!

Sabemos que o sofrimento traz fortalecimento e sabedoria, e pessoas que já passaram por grandes dificuldades costumam ser mais fortes, e muitas vezes mais felizes, que outras, que não experimentaram (ainda) o amargo da vida.
Pode parecer contraditório, mas a tristeza, quando encarada nos olhos, é capaz de se transformar em resistência e entusiasmo, e então em renascimento.
Celebre a Vida”, primeiro livro da escritora carazinhense Marinilce Schmitz, trata justamente sobre isso: resistência, entusiasmo, renascimento. Marinilce transformou sua dor e seus fantasmas em poesia, mas não se engane: “Celebre a Vida” não é um livro de lamentações. Muito, muito pelo contrário.
Através das 60 poesias reunidas na obra, Marinilce passeia sem medo pelos seus sentimentos mais nobres e mais sombrios, esmiuçando suas próprias emoções na tentativa de encontrar ali as respostas para suas perguntas. E ela encontra. E divide com o leitor suas percepções sobre os anseios que permeiam e definem cada um de nós.
Confira abaixo a entrevista que realizamos com a autora, e conheça um pouco mais sobre sua obra, seu processo criativo, suas inspirações, e sobre como Marinilce aprendeu a celebrar a vida, com suas satisfações e alegrias, mas também com seus medos e suas aflições.


 1. Quem é Marinilce Schmitz na visão de Marinilce Schmitz?

Uma pessoa muito determinada, disponível e pronta para ajudar. Tem uma missão muito importante: ser referência para outros como alguém que busca sempre o seu melhoramento. Primo pela ética e acredito em um mundo melhor.

2. Quais suas expectativas com relação ao lançamento do seu primeiro livro, "Celebre a Vida", que acontece dia 20 de novembro, no Sesc Carazinho?

Expectativas muito boas. Confiante na aceitação das poesias que estão neste livro.
Foram escritas com muito amor e carinho, e isso é possível perceber, segundo várias pessoas que já leram algumas delas.


3. Como foi o processo de criação das 60 poesias reunidas na obra "Celebre a Vida", e em que momento você decidiu publicá-las em um livro?

Na verdade, já tenho muitas outras poesias, e todas foram criadas espontaneamente, conforme as situações se apresentavam para mim. Não tinha hora nem lugar.
Nosso pensamento é maravilhoso, e as palavras simplesmente se formavam, compondo uma poesia em pouco tempo. Detalhe para a forma como foram escritas, em rimas. Acho melodioso neste formato.

4. Além da poesia, você já pensou em se aventurar por outros gêneros literários, como o conto, a crônica, o romance?

Boa pergunta. A poesia já foi algo surpreendente na minha vida; então, por que não deixar livre para outras oportunidades surgirem?

5. Você possui uma rotina para escrever? Tem alguma mania da qual não consiga abrir mão?

Como já comentei, a vontade de escrever é espontânea. Levo sempre um caderno comigo e, conforme surge uma ideia, eu anoto, para depois terminar de escrever, caso naquele momento não tenha a oportunidade de fazer.


6. Por que você escreve? A literatura, pra você, é lazer ou dever? Transpiração ou inspiração?

A literatura hoje é lazer. Já foi dever, e vejo o quanto perdi nesta fase, pois não entendia como poderia me trazer prazer. Porque, mesmo se tratando de autores mais “difíceis”, sempre temos o que aprender.
Escrevendo poesia, tive a percepção de que inspiração e transpiração andam juntas, e que eu conseguia expressar minhas emoções, como a alegria e a tristeza, colocando as palavras no papel. Ainda não utilizo o computador para escrevê-las, pois me emociona riscar, rasurar no papel. Assim percebo o meu crescimento até finalizá-las.

7. Como você e a literatura se conheceram? Como, onde e por que tudo começou?

Sempre li muito, desde a minha adolescência. Tenho lembranças boas dos meus professores, que me ajudaram a aprender a ler – porque precisamos aprender a gostar de ler. Não passamos a apreciar a leitura num passe de mágica.
Através de muitas tentativas, de muitos erros e acertos, podemos alcançar este aprendizado. Também é importante respeitar as fases da vida, pois em cada uma delas temos necessidades de leituras diferentes. Isso, para mim, é mágico, pois você pode encontrar todas elas nos mais variados livros.
Tantos escritores já nos deram tantas possibilidades de crescimento, basta avançar em suas obras e buscar o que precisamos. Desacomodar e sair do papel de vítima da vida.


8. O que lhe inspira?

Não tenho uma linha definida: uma flor, um pássaro, uma situação vivencial, tudo me inspira. Lembro de um dia em que eu estava escrevendo com uma caneta lilás, e logo escrevi uma poesia inspirada nela. Parece loucura, mas, sim: uma caneta lilás pode te inspirar a fazer um poema.

“Pássaro lilás
O que você me traz?
Estou aqui escrevendo,
Com esta linda cor
Pouse aqui perto
e vamos conversar.
Você com seu canto,
Eu com minha poesia,
Faremos um belo par.
O lilás nos aproxima
E assim vamos continuar
Você e eu, em paz”.

 9. Parte da renda obtida com a venda dos exemplares da obra "Celebre a Vida" será revertida em um projeto literário para o Yacamim, entidade que atende crianças e adolescentes em situação de risco na cidade de Carazinho/RS.
Quando e por que você resolveu investir na publicação de um livro escrito por crianças carentes?

Sempre me preocupei em auxiliar, e tenho um viés muito forte com questões sociais. Na empresa que atuo, a TW Transportes, temos muito presente ações de responsabilidade social. E as crianças são meu foco, por perceber que precisam de um olhar e um cuidado especial, para que possam se tornar adultos ativos e saudáveis na sociedade.
O Yacamim atende mais de 200 crianças entre três e dezenove anos, e através de oficinas literárias poderemos proporcionar a elas mais uma oportunidade de aprender a ler. Como falei antes, aprender a ler um livro pode parecer redundante, mas é necessário auxílio para ser algo prazeroso.
Ademais, podemos descobrir muitos talentos dentre estas crianças. Sempre acreditei muito nisso, e com a parceria da Editora Os Dez Melhores, tenho esta certeza.


10. Em conversa recente, você me falou sobre a Literapia, isto é: a literatura empregada como tratamento terapêutico. Você acredita que escrever pode colaborar para o restabelecimento emocional de alguém? Caso sim, como?

Já comentei muito com nossa querida Jana (Lauxen, editora da obra) o quanto estou me realizando escrevendo, e agora publicando um livro.
Escrever é sublimar as tuas emoções, mesmo aquelas que você já elaborou com muito carinho e atenção, pois todas estas emoções são suas. Temos que aprender a gostar também dos sentimentos “ruins”, como a tristeza, o medo, a angústia, a raiva.
Quando escrevo, tenho uma conversa com todos eles, e isso é libertador. Se todos tivessem consigo um caderno e, antes de falar, escrevessem, tenho certeza que muitos discursos seriam diferentes.
Não precisa escrever um livro para ser publicado; você pode escrever para deixar um registro para seus filhos e amigos. Escrever sobre sua caminhada, escrever para você mesmo. É muito bom ler o que se escreveu, e ver se avançamos ou não.

A editora Jana Lauxen e Marinilce Schmitz, na assinatura do contrato de edição. Foto: arquivo pessoal.

11. Enquanto leitora de poesia, quais autores você mais admira?

Bom, eu não sou leitora somente de poesia, e isso me faz escrever fora de um único padrão.
Admiro muitos escritores, e aqui cito Rubem Alves, Lya Luft, Machado de Assis, Eça de Queirós e, com muito carinho, José Bento Monteiro Lobato, que sustentava que um país se faz com homens e com livros. Eu faço das palavras dele também as minhas.

12. E para encerrar, Mari, quais são seus projetos literários para 2017?

Estou começando com calma. Falar em projetos é muito provocador, mas quero, sim, publicar um segundo livro, e participar ativamente das oficinas literárias no Yacamim. Entendo que auxiliar é estar presente. E como diz um velho provérbio chinês: sempre fica um pouco de perfume nas mãos de quem oferece rosas.


Bate-Bola

·       LivroMédico de Homens e de Almas”, de Taylor Caldwell
·       Escritor(a):  Rubem Alves
·       Vício: Organização
·       Poesia: Realização
·       Ídolo: Jesus
·       Música: Aleluia
·       Trabalho: Desenvolvimento
·       Paixão: Meus filhos
·       Indignação: Abuso de crianças
·       : Alimento da alma
·       Literatura: Brasileira
·       Desconforto: Fofoca
·       Inesquecível: Ser mãe
·       Celebrar a Vida: Gratidão