segunda-feira, 16 de maio de 2016

A Revolução do Hat Sessions

Texto: Jana Lauxen
Editora Os Dez Melhores


A segunda edição do Hat Sessions, que aconteceu em Carazinho/RS no último sábado, dia 14 de maio de 2016, me surpreendeu e impressionou de muitas maneiras.
Confesso que, quando saí de casa no sábado de tarde, com nossos livros e banners embaixo do braço, não sabia exatamente o que esperar. Sabia apenas que seria um evento fechado, de público limitado, para a gravação de áudio e imagem dos shows das bandas Caro Antônio e Melisse e Seus Delavys, ambas de Passo Fundo, e também do músico Bruno García, de Sarandi.
Promovido pelas produtoras Black Mud-D e Lunet, o objetivo do projeto é produzir artistas independentes com a competência e o profissionalismo dos grandes estúdios – comprovando, definitivamente, que o marginal não é sinônimo de amador.
Este, aliás, é o primeiro ponto a ser observado. Quando chegamos ao final da Rua Carlos Barbosa, e nos deparamos com o local do evento, o que chamou a atenção foi a quantidade e a qualidade do equipamento de ambas as produtoras. O que mostra, de cara, que os meninos da Black Mud-D e da Lunet não estão em Carazinho a passeio.
O público começou a chegar pouco antes das 17h de um sábado agradável e ensolarado, bastante incomum nestes dias de chuva e frio do outono gaúcho. Um sinal claro de que São Pedro colaborava também.

Beijo, São Pedro! <3

Neste momento, a Editora Os Dez Melhores já se encontrava com sua banca ativa e operante, com todos os títulos lançados pelo selo, além de edições da Revista Café Espacial, e brindes, como marcadores de página.

Vem, gente!

Não eram seis horas da tarde e o sol já se escondia, pintando o céu de infinitos tons de rosa, laranja e azul. Foi quando o multi-instrumentista (e multi-talentoso, diga-se de passagem) Bruno García iniciou seu show com canções próprias, que se destacam pela sua beleza e convicção. Com uma voz ora suave, ora intensa, Bruno fez uma harmoniosa e deleitosa apresentação em parceria com um pôr do sol magnífico, tão suave e intenso quanto.

Bruno García.

Depois foi a vez da carismática Caro Antônio fazer o seu show – ou talvez “fazer o seu espetáculo” seria a forma mais adequada e justa de definir. De personalidade única, a banda não decepciona quem está a fim de ver, ouvir e viver uma experiência musical impetuosa e surpreendente.

Lucas Schütz, vocalista da Caro Antônio.

Melisse e Seus Delavys encerraram a noite em grande estilo, tocando com coragem e originalidade. Melisse possui uma fúria e uma inquietação em sua voz e em sua postura, que nos faz compreender por que a música independente tem tanta força.

Melisse Delavy.

Agora, é aguardar para ver o resultado. E baseada no trabalho que eu já vi, produzido durante a primeira edição do Hat Sessions, só posso esperar um resultado final impecável, inovador e sensível (entenda do que eu estou falando clicando aqui e aqui).
Importante citar também a organização e a dedicação dos responsáveis pelo evento. Para nós, da Editora Os Dez Melhores, é especialmente importante participar de projetos como o Hat Sessions, que buscam aquecer e impulsionar o mercado independente – seja este mercado da música, da literatura, do artesanato, das artes cênicas ou visuais.


Porque nós acreditamos que a revolução está nas pessoas. Não no coletivo, mas no indivíduo. Faz revolução quem vai pra rua lutar pela ideologia que acredita, mas faz ainda mais quem muda o mundo que o rodeia. Quem realiza, além de teorizar. E isso acontece através de ações e iniciativas aparentemente pequenas e inofensivas, mas que desencadeiam uma série de movimentos em um cenário cultural local. E mudam tudo.
Na maioria das vezes, só é preciso impulsionar o primeiro dominó, para que todos os demais dominós sejam alcançados também.
Entre artistas independentes, todos sabem que aproximar-se da massa é praticamente impossível. E os que compreendem que é dando um passo por dia que se sai do lugar, estes fazem sua revolução diária, pessoal, intransferível.


E foi isso que eu vi, vivi e senti no entardecer do dia 14 de maio, durante o Hat Sessions: gente disposta a fazer acontecer. Gente com vontade de modificar o status quo que lhe rodeia. Gente preparada para nadar contra a maré.
São pessoas assim que mudam o mundo, porque são pessoas assim que fazem a verdadeira revolução.
E se for para fazer revolução, não precisa chamar a Editora Os Dez Melhores duas vezes.


(Veja mais fotos do evento, pelos fotógrafos Felipe Defante e Sheila Kempfer, clicando aqui).